Um possível impedimento para a adoção de metodologias de Legal Design é escassez de tempo, afinal, a obrigação de adotar cada uma das etapas para só depois poder aplicar a solução pode ser demorado. O processo de criação exige criatividade para a ideação, e as vezes muito tempo de experimentação e validação de cada ideia. Porém, temos que lembrar que o legal designer não está sozinho.
Ao avaliar a metodologia pode parecer que a prática do Legal Design é uma atividade individual ou restrita apenas ao grupo de criativos da empresa, órgão ou escritório.
A verdade, no entanto, é que legal designers no mundo inteiro desenvolvem soluções cotidianamente, as testam, aprimoram e eventualmente compartilham seus resultados. Podemos aproveitar todo esse conhecimento gerado pela comunidade de Legal Design, aprendendo com essas soluções e replicando-as em nossos projetos de modo idêntico ou com adaptações.
Ao fazer isso novos resultados podem ser percebidos e novas aplicações destas práticas podem ser testadas. O Legal Design não evolui apenas com a atuação individual de um profissional, mas do esforço conjunto de uma comunidade de profissionais.
As práticas de Legal Design já testadas e com resultados comprovados pela comunidade se tornam práticas padrão que podem ser utilizadas em novos projetos com muito mais assertividade. A criatividade exigida para a ideação e o tempo gasto com testes são economizados, tornando o trabalho do legal designer muito mais eficiente.
Ora, podemos organizar e consolidar essas práticas da comunidade em um documento de referência profissional, e denominamos essas práticas como sendo Padrões de Legal Design ou Legal Design Patterns.
Um Padrão de Legal Design descreve um conjunto composto por um contexto abstrato de aplicação, um problema e uma solução. Em outras palavras, pode-se descrever um padrão como uma solução conhecida para um determinado problema em um contexto.
Destaca-se que um padrão não descreve qualquer solução, mas uma solução que já tenha sido utilizada e testada com sucesso em casos concretos.
Onde surgiram os design patterns (ou padrões de design)?
A ideia de definir padrões de design, ou design patterns, não é nova, sua criação é atribuída à arquitetura e engenharia civil. Christopher Alexander, Sara Ishikawa e Murray Silverstein, na obra A Pattern Language: Towns, Buildings, Construction, catalogaram 253 desafios de projetos recorrentes na construção civil e arquitetura, propondo soluções padrão.
O conceito de design patterns foi apropriada por outras áreas do conhecimento, sendo hoje utilizada especialmente no design de softwares, com milhares de obras abordando o tema. Sua apresentação para a comunidade da Computação se deu em 1987 por Kent Back. Em 1994 foi lançada a principal obra sobre o tema, intitulada Design Patterns, de autoria de Erich Gamma, Richard Helm, Ralph Johnson e John Vlissides, conhecidos pela expressão Gof (Gang of Four). Nesta obra os autores catalogaram 23 padrões e desde então os Design Patterns têm sido um tema bastante estudado por programadores e arquitetos de software pelo mundo todo.
Os Design Patterns revelam-se muito úteis para resolver problemas de design, incluindo aqueles do Legal Design, e nada mais lógico do que se aproveitar deste modelo.
Para evitar confusão entre os design patterns próprios do contexto jurídico com aqueles de outras áreas, propomos a utilização do termo padrões de Legal Design (em inglês Legal Design Patterns).
Você pode conferir mais na obra Legal Design Patterns ou no site legaldesignpatterns.org. Escrevemos também um artigo apresentando os benefícios do Legal Design Patterns.